A
conversa se inicia normalmente sempre da mesma forma: “Eu te prometo estar
sempre aqui”. “Eu te prometo todo meu amor”. “Eu te prometo... prometo...
prometo...” Blá blá blá. E parece que sempre acaba com um irônico “Isso nunca
aconteceu” ou “Não era pra ser assim”.
Ah!
Promessas, promessas e mais promessas. Prometer algo é o compromisso de dar ou
fazer alguma coisa. Uma palavra simples que nunca é dita em grande exaltação,
para os quatro cantos do mundo ouvir. Elas sempre são enunciadas por uma baixa
e doce voz, de uma forma quase imperceptível, um sussurro ao pé do ouvido, para
assim, quem sabe, elas não possam ser entendidas e quem as proferiu não tenha
que arcar com as consequências. Somente quem diz e quem ouve deve saber o que
foi dito – é melhor não ter testemunhas.
Como
pode uma palavra de sete letras trazer consigo tamanho peso? E como pode ser dita
tão livremente, sem ao menos se pensar nas conseqüências que ela pode trazer –
que normalmente são grandes?
Por
isso não acreditarei em promessas, elas sempre estão ligadas a atos do qual muitas
das vezes você é incapaz de concluir. É, prefiro não acreditar em promessas. Melhor
crer no que o outro pode chegar um dia a mostrar. Não me prometa nada, pois
nada lhe prometerei. Não somos donos de ninguém, e tendo isso em mente temos
consciência de que sempre seremos cobrados pelo que podemos oferecer, e não por
uma projeção profética. Isso é um ato de quem quer tempo para se desculpar ou
sair de fininho.
Uma
promessa, assim como as palavras, pode ser escrita ou não. Podem ser escritas e
firmarem um verdadeiro ato de coragem, ou então ser somente uma fala e se
tornar mais uma frase em meio a tantas outras sem alguma importância.
Promessas
se remetem a um futuro. Quantas vezes não ouvimos: “Prometo que vou mudar”.
“Prometo que desta vez será diferente”. “Prometo não deixar de te amar”.
“Prometo nunca mais te bater”? E quantas vezes vemos tais promessas serem
cumpridas? Se alguém promete algo, na maioria das vezes, isso acaba virando uma
memória póstuma.
Então
só há uma grande certeza: ame intensamente, mas não acredite em promessas, isto
é incerto demais para se acreditar e servir de apoio. Não creio que valha a
pena dar a vida por algo tão incerto. Vivendo você não ficará esperando a
conclusão das promessas. E sim, vai vivenciar o que vai além dessa louca
profanação.
E
no que se refere às promessas de amor? O que vale mais? Às vezes até pode valer
a pena esperar o desfecho de um “Prometo que um dia voltarei”. Mas é um risco
grande demais, é uma parte da vida que vai ser consumida dia a dia, e que lá na
frente, mesmo com todo o arrependimento, não poderá voltar atrás.
Prometer
algo é uma forma de se ganhar tempo, até que os objetivos estejam melhor
definidos. Como uma ratoeira sendo usada para pegar sapos – pode ser que
funcione, mas provavelmente falhará.
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