22 de abr. de 2012

LIVRO "O CAÇADOR DE PIPAS" - Resenha

 

Demorei muito tempo para ter a iniciativa de pegar o livro “O Caçador de Pipas” para ler. Talvez por não acreditar que ali teria uma boa história. Mesmo tendo ele ao alcance das minhas mãos, o máximo que fiz foi ler a orelha do livro. Já tinha assistido ao filme, assim que estreou no cinema, o que não me chamou tanta atenção assim. E o que percebi é que poderia, há muito tempo, ter me maravilhado com o que acabei de ler.


O autor, Khaled Hosseini, nos mostra um Afeganistão diferente do que conhecemos. Um país anterior ao Talibã, onde as pessoas sorriam e as crianças brincavam. Hosseini mostra como sua terra natal chegou ao que é hoje e o quão absurdo é o extremismo religioso. E é em meio a esse Afeganistão que não conhecíamos, anterior ao regime Talibã, que surgem dois meninos: Amir e Hassan.

Para todos que costumam assistir filmes baseados em Best Sellers, entendem que são uma adaptação, e muitas vezes descaracterizam a história original. O filme, por mais que trabalhe com imagem, tem que reduzir o volume da história. E em uma hora e meia deve contar toda uma narração que está contida em mais de trezentas páginas no livro. Descrições e personagens perdem suas características, ficam vagos e outros que são essenciais para o entendimento de determinadas situações são esquecidos.

Voltando ao livro, ele traz o essencial para uma boa história: Emoção, ação, romance, amizade, suspense e momentos surpreendentes. Resumindo superficialmente o romance, ele trata da história de uma amizade entre dois garotos no fim da monarquia no Afeganistão, divididos por etnias e realidades sociais diferentes. Duas crianças, Amir e Hassan, que mamaram do mesmo peito, o que segundo dizem os tornaria irmãos. Amir só percebeu isso depois de muito tempo, quando já não havia o que fazer para remediar. Ou haveria? A redenção viria de alguma forma?

Do início ao fim, somos guiados a descobrir o significado da frase: “Por você, eu faria isso mil vezes”. Significado este que Amir só veio descobrir muito depois do tempo de garoto, quando aconteceu um campeonato de pipas em seu bairro, e Hassan, que era o melhor caçador de pipas, correu atrás da última que esteve no céu para o seu amigo. “Por você, eu faria isso mil vezes”. Nesse mesmo torneio de pipas Amir poderia ter se tornado corajoso, igual Hassan. Mas havia coisas mais importantes do que aquela amizade, a aprovação de seu pai.

Depois de muito tempo, já casado e com uma vida estabilizada nos EUA – Amir e seu pai fugiram do Afeganistão após a tomada de poder pelo Talibã -, Amir tem a oportunidade de voltar ao seu país, destruído pela guerra. Lá ele reencontrará suas lembranças, lutará contra seus medos de infância, entenderá o amor de seu pai, e “terá a oportunidade de ser bom novamente”.

No filme, o telespectador cria um ódio por Amir. No livro temos a explicação dos  motivos de suas atitudes. Se foi uma atitude certa ou não, como julgar? Eram crianças, inseridas em um contexto ideológico e cultural muito forte. Depois de ler “O Caçador de Pipas”, percebe-se o quão superficial ficou o filme. Depois de ler esse livro, o leitor compreende o significado de outra frase de Hosseini: “Pode ser injusto, mas o que acontece em poucos dias, às vezes até uma única vez, pode alterar o rumo da sua vida inteira”.

Boa leitura!

Por Rodrigo Martuchi


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