Esse movimento urbano, o grafitismo, surgiu em Nova York nos anos 80 e se consagrou como movimento artístico na década de 90, muito influenciado pelo hip hop, que prega a liberdade de expressão e busca através da arte uma forma de manifestar sua ideologia. Assim como o hip hop, o grafite nasceu nas ruas, tendo como uma de suas bases o piche.
Ao contrário do grafite, a pichação é considerada um ato de vandalismo. “O grafite é inspiração, enquanto a pichação é só uma forma do maluco deixar a marca dele”, disse Bubi Fernandes, que tirou o fim de semana para pintar o muro do seu prédio, que estava todo pichado. Um fato importante é saber diferenciar o graffiti da pichação. Enquanto a pichação é uma escrita ou ribisco monocromático, o grafite é mais parecido com um desenho ou pintura, colorido e mais elaborado.
Muitos consideram o graffiti uma arte que deve ser admirada. Tanto que muitos grafiteiros já lançaram uma campanha para o atual prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, para deixar a cidade mais colorida com os trabalhos desses artistas urbanos.
A grande discussão acerca do graffiti e da pichação é até que ponto uma ou outra podem ser consideradas arte ou vandalismo. A pichação de muros é considerada pelas autoridades como uma destruição de patrimônio e também como ato de vandalismo. Consequentemente, é crime querer deixar sua “marca” em um local sem a devida permissão.
Para alguns desses jovens, na grande maioria de classe baixa, o ato de pichar é muito mais do que vandalismo. É uma forma de expor todas as injustiças sofridas. Em contrapartida, as Tag’s (assinatura de um pixador), muitas vezes têm o único objetivo de poluir o ambiente. “Uma parede branca pra mim é como um quadro para um pintor”, declara Gabriel P., que começou a pichar muros há pouco mais de 4 anos.
Mesmo sendo considerado como arte por muitos especialistas, o grafite ainda sofre muito preconceito. “Todo artista sofre preconceito, até ser reconhecido como artista”, afirmou Binho Ribeiro, grafiteiro veterano e idealizador da Bienal internacional de Grafite. No que se refere a polêmica existente entre pichação e grafite ele afirma que “não existe rivalidade. Todos se respeitam e admiram o trabalho um do outro.”
Em depoimento no documentário “Multiplicadores”, de Renato Martins e Lula Carvalho, o produtor musical Marcelo Yuka diz que o graffite deve ser considerado um ato de grande coragem, pois esses artistas colocam a cara a bater sem medo. “Eu posso esconder uma poesia, eu posso esconder uma melodia. Mas como vou esconder um graffiti?”, complementa Marcelo.
Desde o inicio, a única divulgação que o graffiti teve na imprensa foi negativo. Foi o uso do boca a boca que levou à formação dessa grande cadeia de produção urbana que hoje podemos encontrar espalhada por todo o mundo. Sendo que hoje são disponibilizados espaços para o graffiti até em mostras de arte, como aconteceu na 29ª Bienal Interncional de São Paulo, nos meses de outubro e novembro de 2010.
Muito além da ideia de rebeldia ou protesto, os grafiteiros querem passar a mensagem de que estão ali para se manifestar de uma forma pacífica, bonita e de respeito.
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