23 de nov. de 2010

GRATIFE E ARTE

Desde o início da humanidade, quando o homem das cavernas fez as primeiras gravuras nas paredes, não imaginava que estava deixando uma marca, uma produção artística. Essas figuras rupestres podem ser consideradas os primeiros trabalhos de graffiti, pois eram figuras utilizadas como forma de expressão e com o objetivo de atrair atenção.  

Esse movimento urbano, o grafitismo, surgiu em Nova York nos anos 80 e se consagrou como movimento artístico na década de 90, muito influenciado pelo hip hop, que prega a liberdade de expressão e busca através da arte uma forma de manifestar sua ideologia. Assim como o hip hop, o grafite nasceu nas ruas, tendo como uma de suas bases o piche.

Ao contrário do grafite, a pichação é considerada um ato de vandalismo. “O grafite é inspiração, enquanto a pichação é só uma forma do maluco deixar a marca dele”, disse Bubi Fernandes, que tirou o fim de semana para pintar o muro do seu prédio, que estava todo pichado. Um fato importante é saber diferenciar o graffiti da pichação. Enquanto a pichação é uma escrita ou ribisco monocromático, o grafite é mais parecido com um desenho ou pintura, colorido e mais elaborado.

 Muitos consideram o graffiti uma arte que deve ser admirada. Tanto que muitos grafiteiros já lançaram uma campanha para o atual prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, para deixar a cidade mais colorida com os trabalhos desses artistas urbanos. 

A grande discussão acerca do graffiti e da pichação é até que ponto uma ou outra podem ser consideradas arte ou vandalismo. A pichação de muros é considerada pelas autoridades como uma destruição de patrimônio e também como ato de vandalismo. Consequentemente, é crime querer deixar sua “marca” em um local sem a devida permissão. 

Para alguns desses jovens, na grande maioria de classe baixa, o ato de pichar é muito mais do que vandalismo. É uma forma de expor todas as injustiças sofridas. Em contrapartida, as Tag’s (assinatura de um pixador), muitas vezes têm o único objetivo de poluir o ambiente. “Uma parede branca pra mim é como um quadro para um pintor”, declara Gabriel P., que começou a pichar muros há pouco mais de 4 anos.
Mesmo sendo considerado como arte por muitos especialistas, o grafite ainda sofre muito preconceito. “Todo artista sofre preconceito, até ser reconhecido como artista”, afirmou Binho Ribeiro, grafiteiro veterano e idealizador da Bienal internacional de Grafite. No que se refere a polêmica existente entre pichação e grafite ele afirma que “não existe rivalidade. Todos se respeitam e admiram o trabalho um do outro.”

Em depoimento no documentário “Multiplicadores”, de Renato Martins e Lula Carvalho, o produtor musical Marcelo Yuka diz que o graffite deve ser considerado um ato de grande coragem, pois esses artistas colocam a cara a bater sem medo. “Eu posso esconder uma poesia, eu posso esconder uma melodia. Mas como vou esconder um graffiti?”, complementa Marcelo. 

Desde o inicio, a única divulgação que o graffiti teve na imprensa foi negativo. Foi o uso do boca a boca que levou à formação dessa grande cadeia de produção urbana que hoje podemos encontrar espalhada por todo o mundo. Sendo que hoje são disponibilizados espaços para o graffiti até em mostras de arte, como aconteceu na 29ª Bienal Interncional de São Paulo, nos meses de outubro e novembro de 2010.

Muito além da ideia de rebeldia ou protesto, os grafiteiros querem passar a mensagem de que estão ali para se manifestar de uma forma pacífica, bonita e de respeito.

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